Cultura e instituições afetam a saúde
A saúde da população depende mais da qualidade de vida do que da qualidade de seu sistema sanitário.
Os sociólogos Peter A. Hall e Michele Lamont (2009), da Universidade de Harvard (Estados Unidos), estudaram durante três anos os marcos culturais e as práticas institucionais que estruturam a vida cotidiana e influem na saúde da sociedade. Os resultados da pesquisa, que envolveu diversos sociólogos especializados (epidemiología, psicología e ciências políticas), foram tratados em ensaios e reunidos em um livro sob o título Successful Societies. How Institutions and Culture affect Health – Sociedades exitosas. Como as instituições e a cultura afetam a saúde.
Os autores confirmaram duas hipóteses: i) a saúde da população depende menos da qualidade de seu sistema sanitário do que da qualidade de vida cotidiana dos indivíduos que a compõem; e ii) o êxito ou o fracasso das iniciativas de saúde pública de qualquer sociedade dependem tanto de fatores sociais e culturais como de médicos, recursos e medicamentos.
No livro, além de analisar os temas mais relevantes da saúde pública contemporânea (versus recursos econômicos), os autores vão mais além e deixam expostos os fatores sociais e culturais que afetam a saúde, como os efeitos das redes sociais (na redução dos fatores estressantes, violência etc.) e a deterioração da vida cotidiana, entre outros.
Para Hall & Lamont (2009), a cultura, as crenças religiosas (que ajudam as pessoas a enfrentar a vida) ou o sentimento de identidade coletiva ainda não são levados em conta pela maioria dos epidemiólogos, quando analisam a saúde pública.
O assunto no Brasil
Um artigo de revisão sobre determinantes sociais da saúde (DSS) foi realizado por Buss & Pelegrini Filho, em 2007. Nesse trabalho, alémm de estudar a evolução dos DSS, os autores tentam mobilizar os setores de saúde e a sociedade para o debate sobre as “iniqüidades em saúde”:
Nas últimas décadas, tanto na literatura nacional, como internacional, observa-se um extraordinário avanço no estudo das relações entre a maneira como se organiza e se desenvolve uma determinada sociedade e a situação de saúde de sua população.+►►
Esse avanço é particularmente marcante no estudo das iniqüidades em saúde, ou seja, daquelas desigualdades de saúde entre grupos populacionais que, além de sistemáticas e relevantes, são também evitáveis, injustas e desnecessárias.
(BUSS, Paulo Marchiori; PELLEGRINI FILHO, Alberto. A Saúde e seus Determinantes Sociais. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 17(1):77-93, 2007)